Circularidade e Aprendizagem: como a educação pode impulsionar a economia circular

Nos últimos anos, a ideia de economia circular tem ganhado força como alternativa ao modelo linear de produção e consumo que domina o mundo: extrair, produzir, usar e descartar. Circularidade significa repensar esse ciclo, reduzindo desperdícios, mantendo recursos em uso pelo maior tempo possível e regenerando sistemas naturais. É um conceito poderoso, mas que muitas vezes permanece restrito a relatórios técnicos, empresas inovadoras ou políticas públicas específicas. O grande desafio é transformá-lo em algo vivo, presente no dia a dia das pessoas.

É justamente aqui que entra a educação. Sem aprendizagem, a circularidade corre o risco de ser apenas mais um jargão da sustentabilidade. Para que essa transição seja real, precisamos formar cidadãos, educadores e profissionais capazes de compreender não só os aspectos técnicos do conceito, mas também suas implicações sociais, culturais e econômicas. Afinal, circularidade não é apenas reciclar — é repensar hábitos de consumo, questionar modelos de produção e buscar soluções colaborativas para problemas comuns.

Durante minha experiência como moderadora da Circularity Thinking Platform, um espaço internacional de troca entre pessoas que já haviam sido capacitadas pelo Programa Circularity Thinking do Climate-KIC, percebi o quanto a aprendizagem contínua é essencial nesse processo. Muitos participantes chegavam com grande interesse, mas também com dúvidas sobre como aplicar o conceito em seus contextos, seja em escolas, universidades, governos locais ou organizações sociais. Ao promover encontros, estimular conversas e criar oportunidades de cooperação, ajudamos a manter viva a chama da circularidade, evitando que a formação inicial se perdesse no tempo.

O que ficou claro para mim é que circularidade não se aprende em um único curso. Ela se constrói em rede, em diálogo constante, no compartilhamento de práticas que funcionam e também de erros que trazem lições. Ao transformar ex-participantes de um treinamento em uma comunidade de aprendizagem, criamos não apenas multiplicadores de conhecimento, mas também pessoas que se apoiam mutuamente para enfrentar a complexidade da transição.

Circularidade, no fim das contas, não é apenas sobre recursos materiais: é também sobre relações humanas. Educar para a circularidade é educar para a cooperação, para o pensamento sistêmico e para a consciência de que estamos todos interligados em um mesmo ciclo. E quando entendemos isso, a economia circular deixa de ser um ideal distante e passa a ser uma prática possível nas escolas, nas comunidades, nas organizações e em nossas próprias escolhas cotidianas.

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